O 10º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), safra de grãos 22/23, revela a complexidade e diversidade da agricultura de grãos, que é um sistema indissociável dos rebanhos de pequenos e grandes animais, biomassa, energia limpa, biotecnologias, economia verde e Programa ABC/Mapa.

São 317,6 milhões de toneladas de grãos, mais 16,5% sobre a safra 21/22, configurando a maior colheita produzida no Brasil numa longa série histórica e substantivamente nos último 50 anos!

O milho comparece com 127,8 milhões de toneladas, e a soja com 154,6 milhões, contudo, ressaltando as ofertas de algodão em caroço, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão (três safras), girassol, trigo e triticale, que são cenários com suas demandas econômicas, tecnológicas e comerciais.

Por outro lado, difundindo nos respectivos sistemas produtivos a sustentabilidade dos recursos naturais, através da adoção de boas práticas nas culturas e criações. Entretanto, nunca será demais repetir que a sustentabilidade, em níveis de estabelecimentos agropecuários, requer bilhões de reais aplicados, via sistema financeiro público e privado, com seus encargos financeiros, amortizações, garantias legais; desafios e oportunidades geradas pelo agronegócio.

Na região do Matopiba (MA+PI+TO+BA) está sendo desenvolvida uma agricultura promissora numa perspectiva de tempo, onde a oferta soma de 35,2 milhões de toneladas de grãos ou 11,0% do total da safra brasileira, 22/23, com destaque para a Bahia respondendo por 13,5 milhões de toneladas.

Além disso, os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, safra 22/23, somam 158,6 milhões de toneladas de grãos (49,9%) de um total de 317,6 milhões; concentração da produção de grãos?

Vale salientar que a safra de grãos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul alcançam 82,2 milhões de toneladas (25,8%), mas sem considerar as vantagens comparativas e relativas! O Centro-Oeste e o Sul do Brasil estão ofertando 75,7% do total de grãos na safra 22/23, cuja diferença, para 100%, será coberta pelos demais estados produtores.

Na região Sudeste (MG+SP+RJ+ES) a safra de grãos reúne 30,5 milhões de toneladas, mas conectada com 55% do PIB brasileiro e 84,8 milhões de habitantes (41,7%) e consumidores (IBGE). Na safra, 22/23, os seis maiores estados produtores são; MT, 99,2 milhões de toneladas de grãos; PR, 45,5 milhões; GO, 31,4 milhões; RS, 29,5 milhões; MS, 27,0 milhões, MG com 18,7 milhões de toneladas de grãos = 251,3 milhões de toneladas ou 79,1% do total. No 1º semestre de 2023 as exportações do agro brasileiro foram de US$ 82,8 bilhões (+ 5,5%) = novo recorde!

Dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022 revelam mais de 33,1 milhões de brasileiros submetidos à insegurança alimentar grave (Google). Esses dados poderiam presumivelmente divergir em função das diferentes metodologias de pesquisa.

Entretanto, a produção de alimentos bate recordes sucessivos e não há desabastecimento, o que recomenda ativar as políticas públicas de segurança alimentar principalmente entre os mais pobres, e gerando também mais empregos e renda.

Além disso, os ganhos de produção e produtividade da agricultura brasileira reúnem políticas públicas, crédito rural assistido, pesquisa e inovação, consumo interno, exportações, plataformas digitais, pressões crescentes ambientais internas e externas, desburocratizar investimentos ligados às logísticas operacionais para receber “insumos” e escoar as safras agrícolas e outros produtos do agronegócio!

E mais, resultando de saberes compartilhados com quem planta, cria, abastece e exporta, adoção da sustentabilidade como conceito e prática, gestão para resultados no agronegócio, segurança jurídica, indispensáveis num elenco de outras condicionantes econômicas, sociais, e ligadas aos recursos naturais.

Essas complexidades e demandas exigem a efetiva presença do poder público, no que lhe compete, e o apoio indispensável da sociedade numa democracia em construção, entretanto, já colecionando avanços consideráveis nessa marcha batida rumo ao futuro!

Engenheiro agrônomo Benjamin Salles Duarte*