Os cenários da agropecuária brasileira. O Brasil, por suas dimensões continentais, vocações, solos e climas diversos, planta e cria o ano inteiro, o que lhe confere algumas vantagens internacionais na oferta de alimentos de origem animal e vegetal; e somando ainda recursos hídricos expressivos, calor e exposição solar substantivos num território abrangendo 851,6 milhões de hectares, o 5º maior do mundo, e cultivando com grãos, apenas 7,8% do Brasil.
Nesse apanhado curto, abriga ainda exponenciais centros de pesquisas ligados às Ciências Agrárias e Florestais, onde centenas de pesquisadores e cientistas se desdobram para decifrar a sinergia embarcada nos processos produtivos na busca constante de novos conhecimentos e boas práticas nos sistemas agroalimentares e agroflorestais.
Embora desfrutando de avanços científicos consideráveis, contudo, as perguntas serão sempre muito maiores do que respostas, e fundamentais às motivações científicas e tecnológicas nesse viger do século XXI, e num planeta que ainda experimenta um processo evolutivo de mudanças há 4,5 bilhões de anos.
Pode-se aceitar que o ciclo mais longo e persistente da agricultura brasileira, pois a pecuária data de 1534, foi e continua sendo o da cultura do café, desde 1727 no Brasil, tendo encontrado climas favoráveis, terra férteis, e mão de obra escrava e barata, e sem entrar no mérito desse tema. Desde 1837, o café se tornou o principal produto de exportação do Brasil, e tendo bancado grandes fortunas, estudos avançados nos EUA, na Europa (caso do gênio da aviação Alberto Santos Dumont(*), filho do abastado engenheiro e cafeicultor mineiro Henrique Dumont, nascido em Diamantina em 1832, e que cultivou seis milhões de pés de café em sua fazenda “Arindeúa,” interior de São Paulo, comprada em 1879; foi chamado o “Rei do Café.”
Entre 1800 e 1929, o café foi a principal fonte de riquezas do Brasil, sendo chamado de “Ouro Verde,” inclusive suprindo de recursos o Império; e a formação do parque industrial do País (História do Café).
Consultando dados do USDA/MAPA/Agrostat/Ibá/2020, o Brasil ocupa os seguintes lugares no agronegócio mundial; açúcar (1º produtor e exportador); café (1º produtor e exportador); suco de laranja (1º produtor e exportador); carne bovina (1º exportador e 2º produtor); carne de frango (3º produtor e 1º exportador).
E mais, milho (3º produtor e 2º exportador); soja em grão (1º produtor e exportador); farelo de soja (3º produtor e 2º exportador); óleo de soja (3º produtor e 2º exportador); algodão (4º produtor e 2º exportador); carne suína (4º produtor e exportador); celulose (1º exportador).
O documento “Agropecuária brasileira em números/ janeiro de 2021 (MAPA)” revelam dados substantivos de desempenhos do agronegócio de janeiro a dezembro de 2020, e oferecendo outras informações indispensáveis.
Os cinco estados com os maiores VBPs nas culturas, dentro das propriedades rurais, foram; Mato Grosso (1º), R$ 149,20 bilhões, a preços correntes; Paraná (2º), R$ 117,12 bilhões; São Paulo (3º), R$ 106,40 bilhões; Minas Gerais (4º), R$ 96,11 bilhões; e Rio Grande do Sul (5º), R$ 73,69 bilhões. Os cinco maiores VBPs da pecuária tiveram essa configuração, a preços correntes; Bovinos, R$ 137,30 bilhões; Frango, R$ 81,85 bilhões; Leite, R$ 46,02 bilhões; Suínos, R$ 28,19 bilhões; e Ovos, R$ 15,14 bilhões.
A Conab, safra 2020/2021, estima a produção de soja em 133,6 milhões de toneladas, e a de milho em 102,3 milhões de toneladas ou 88% da safra total de grãos.
Na cafeicultura (1º Levantamento/Conab/2020/21), safra baixa, bienal, uma oferta estimada entre 43,9 e 49,6 milhões de sacas beneficiadas contra 63,1 milhões em 2020, sendo 50% produzidas em Minas Gerais.
O conceito de Valor Bruto da Produção (VBP) corresponde ao faturamento bruto da pecuária e das principais lavouras, dentro da propriedade rural. Assim posto, foi de R$ 744,45 bilhões/2019; R$ 871,32 bilhões/2020; e estimativa cerca de R$ 959,66 bilhões/2021; havendo projeção de superar R$ 1 trilhão.
Além disso, baseando no desempenho do agronegócio, numa longa e dinâmica série histórica, emergem seis cenários mensuráveis, entre outras abordagens cerca do sistema agronegócio em nível nacional.
São eles; (1), mercados; (2); tecnologias; (3) a força do campo para criar, plantar, abastecer e exportar; (4), o expressivo volume de investimentos públicos e privados nas regiões produtoras, incluindo o sistema crédito rural público; (5) a magnitude dos recursos circulando em centenas de municípios brasileiros, safra após safra; (6), o segmento pecuária, com atividades ao longo dos 365 dias do ano, e ofertando diversificados produtos de origem animal, e decorrentes subprodutos.
Portanto, movimentando as economias locais e regionais, gerando milhões de empregos diretos e indiretos, campo e cidade, bem como estimulando, no que lhe compete, a melhor distribuição da renda per capita regionalizada e demandando insumos, tecnologias, e assistência técnica regular e eficiente.
Afinal, são os empreendedores rurais que transformam a Ciência & Tecnologia, geradaspela pesquisa, em produtos agrícolas, pecuários e florestais!
As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 100,8 bilhões de janeiro a dezembro de 2020 em valores, e seguinte distribuição; China, 33,78%; União Europeia (28 países), 16,17%; EUA, 6,91%; Japão, 2,49%; Coréia do Sul, 2,20% (61,55%).
Em volume exportado; complexo soja, 34,96%; carnes, 17,02%; produtos de base florestal, 11,32%; complexo sucroalcooleiro, 9,91% (73,21%). Em 2020, houve um superávit nas exportaçõesde US$ 87,8 bilhões, com base no dólar médio comercial de R$ 5,1588 = R$ 452,9 bilhões!
Os cinco estados maiores exportadores do agronegócio; Mato Grosso; São Paulo; Paraná; Rio Grande do Sul; e Minas Gerais. No Plano Safra 2020/2021, o governo federal disponibiliza para os produtores um montante de crédito rural de R$ 236,3 bilhões, o maior da história (MAPA). No Mato Grosso, o agro é 50% do PIB estadual; em 2018, o agro mineiro representou 33,29% do PIB estadual e movimentando R$ 199,22 bilhões, a preços correntes (INDI). Exportações do agro mineiro; janeiro a dezembro de 2019; US$ 7,9 bilhões; no mesmo período de 2020; US$ 8,7 bilhões (Seapa).
Apenas para efeito comparativo, o superávit de 2020 nas exportações é maior 1,91 vezes que o crédito rural oficial disponível para safra 2020/2021. Bons retornos, contudo ainda há muito o que fazer nos sistemas agroalimentares e agroflorestais no Brasil, e não há tempo a perder. PIBs do agro brasileiro; 2019, R$ 1,55 trilhão; 2020, R$ 1,75 trilhão (http://sistemasweb.agricultura.gov.br jan./2021).
(*) “Inventar é o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar onde ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender. Alberto Santos Dumont” (Google).
Os cenários da agropecuária brasileira. Por Engenheiro agrônomo Benjamin Salles Duarte. Jan/2021.
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